Vida de pré-vestibular (2012-2013)
Tudo começou logo após o término do ensino médio. Naquela época (2012), eu já trabalhava como técnico em informática e, no mesmo ano, consegui ser aprovado em um concurso público municipal para atuar na mesma função. Isso, mesmo possuindo apenas um diploma de um curso profissionalizante à distância que fiz no Instituto Padre Reus, que naquela época era realizado por correspondência.
Eu era jovem, tinha apenas 18 anos, repleto de sonhos e uma arrogância natural, fruto da inocência de não compreender o quão vasto é o mundo. Naquele ano, enquanto frequentava um cursinho pré-vestibular e me preparava para cursar engenharia da computação em alguma universidade, conheci o ITA. Fiquei muito interessado na ideia de passar por uma experiência de confinamento, para me distanciar de tudo que estava vivendo no Pará, entre problemas familiares e questões que só viria a entender uma década depois.
Naquele ano, nada saiu como planejado. Fui mal no vestibular da UFPA, no ENEM e tive um desempenho vergonhoso no ITA. Após a prova do ITA, que naquela época durava quatro dias consecutivos, peguei uma chuva em Belém que parecia lavar minha alma. Foi um choque de realidade, perceber a diferença entre o que eu sabia e o que estava sendo cobrado. Isso foi crucial, pois após essa experiência, passei a levar meus estudos mais a sério e desenvolvi uma relação muito mais intensa com a matemática.
O ano de 2013 foi bem diferente. Consegui uma bolsa integral no instituto onde cursava o pré-vestibular, o que facilitou a continuação dos meus estudos após a sensação de grande fracasso. Naquele ano, estudei intensivamente, lia vários livros, resolvia questões do ITA durante o jantar… era um ritmo frenético que não sei se conseguiria manter hoje em dia (ah, a juventude).
Apesar da confiança ainda abalada, tive um bom desempenho nos vestibulares naquele ano, o suficiente para ser aprovado em várias universidades, incluindo a UFPA, UNIFESSPA, UFC e também consegui uma bolsa integral pelo ProUni. Infelizmente, não tive coragem para tentar o ITA novamente, mesmo tendo pago a taxa de inscrição de 120 reais. O desânimo veio do meu desempenho no ENEM, sem ter ideia de que meses depois eu seria aprovado.
Devido à falta de recursos, decidi cursar Engenharia da Computação na UFPA, campus de Tucuruí, onde ingressei em 2014.
10 anos no curso de engenharia da computação (2014-2023)
Se eu fosse relatar tudo o que aconteceu durante esses dez anos, poderia escrever um livro. Nos primeiros dois anos, de 2014 a 2016, cursei engenharia na UFPA. Por motivos pessoais, comecei a sentir que não me identificava mais com a instituição e que estava no lugar errado. Assim, em 2016, iniciei o processo de transferência de instituição e fui aprovado para continuar meu curso de Engenharia da Computação na UFC, em Sobral.
Em Sobral, senti uma conexão mais forte com a instituição e percebi que estava em um lugar que fazia mais sentido para mim. Lá, consegui expandir significativamente meu conhecimento e estabelecer boas relações com professores e outros alunos, apesar de geralmente fazer poucas amizades.
Os primeiros anos em Sobral, de 2016 até o final de 2017, foram marcados por muitos problemas financeiros, pois havia parado de trabalhar. Trabalhei em uma empresa de procedência duvidosa de 2015 a 2016. Em 2018, ao ser contratado pela Neoway, empresa na qual trabalho até hoje (2024), consegui me manter financeiramente em Sobral.
A partir de 2020, com o início da pandemia, minha graduação entrou em um ciclo terrível de depressão e adversidades. Embora já enfrentasse problemas antes, o confinamento e meu casamento recente (2019) pareceram intensificar a crise.
Por mais de dois anos, a partir de 2021, fiquei paralisado com meu projeto de TCC. Uma mistura de ansiedade, que me levou à emergência pensando que estava tendo um infarto, depressão e outros problemas, tornaram o tema que escolhi praticamente impossível de desenvolver, apesar de ter parecido uma boa ideia quando o escolhi em 2021.
Após várias reviravoltas, incluindo a obtenção de uma bolsa de iniciação científica voluntária no ITA em 2020 e quase perder minha relação com meu orientador na UFC devido à minha incapacidade de responder seus e-mails, 2023 trouxe uma grande mudança.
Em junho de 2023, mesmo ainda estando na gradução, fui aprovado no programa de mestrado do ITA em Engenharia Eletrônica e Computação com o mesmo tema do meu TCC – Segmentação Semi-Supervisionada de Imagens através de Dinâmicas Coletivas em Redes Complexas. Isso me deu um novo impulso para finalmente concluir meu TCC. Felizmente, o resultado foi muito melhor do que eu esperava e a banca examinadora elogiou bastante o trabalho que passei mais de dois anos pesquisando. No dia 25 de janeiro de 2024, finalmente me formei, totalizando 10 anos na engenharia desde que fui aprovado na UFPA em 2014.
Mestrado no ITA (2024-)
Cheguei aqui em São José dos Campos, SP, em fevereiro de 2024. As minhas primeiras aulas presenciais no ITA começarão no início de março. Fazer parte do ITA me proporcionou uma imensa alegria, pois era um sonho que eu tinha há mais de 10 anos e que acreditava estar perdido. Apesar da pós-graduação ser diferente da graduação, sinto-me satisfeito por estar avançando na minha carreira acadêmica. Quem sabe, este passo pode me levar a lugares que, no momento, não consigo nem imaginar.